Leio hoje no Açoriano Oriental uma notícia: "Descoberta a mais antiga mãe do mundo... um peixe". Não deixa de ser interessante ver uma notícia sobre evolução de peixes num jornal local, ainda para mais tendo sido publicada apenas ontem na Nature. Outro aspecto interessante é o da publicação ter sido orquestrada para coincidir com a abertura da respectiva exposição no Museum Victoria, em Melbourne, para a qual foi criado este vídeo:
Ora, que havia peixes mães não é novidade para muitas pessoas: muitos tubarões são vivíparos, como se pode ver neste excelente vídeo. O que já menos pessoas sabem é que os tubarões terão surgido pouco depois dos placodermes (de que o Materpiscis é um exemplo). São um grupo-irmão, na gíria cladística:
Materpiscis está datado de há 380 milhões de anos, mas existe um fóssil intacto de tubarão com 409 milhões de anos. Ou seja, quando este animal específico morreu nadavam tubarões no mar há muuuuuuito tempo. De facto, ambos este fósseis são do Devónico, a Idade dos Peixes, quando se pensa que a separação entre placodermes e elasmobrânquios se deu no início do Silúrico.
O que significa então ser a mais antiga mãe do mundo? Apenas que este é o registo de viviparidade mais antigo que se conhece.
Mas deixa-me a pensar que pode ter acontecido que descendamos de um ancestral vivíparo, que perdeu essa capacidade na cisão dos peixes ósseos, apenas para a re-ganhar com a passagem para o meio terrestre, através do longo processo cujas etapas são ainda hoje visível nos anfíbios, répteis, monotrématos e marsupiais. Mas talvez não: afinal a viviparidade evoluiu pelo menos 42 vezes em 5 dos 9 principais grupos de peixes...
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